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Deu no que deu

Os professores de Brasília entraram em greve. Pais e alunos estão preocupados. Há mais de um mês a meninada não pisa a sala de aula.

Faixas tomam conta da cidade. Uma delas tremula na 106 Norte. “Governador”, diz o texto, “a escola pública define o futuro desse país”.

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“Cruz-credo”, exclamou Afonso de Araújo Lopes. Ele leu o recado e tremeu na base. Indignado, fotografou a mensagem. E comentou: “A frase tropeça no emprego do pronome demonstrativo. E justamente por quem jamais poderia cometer tamanho absurdo. Pode?”

Não poderia. Mas acontece. O demonstrativo é um calo no pé. Muitos não sabem quando usar o este ou o esse.

No caso, o danado se refere ao país onde a pessoa que escreve está. É vez do este: “Governador, a escola pública define o futuro deste país” (o país onde estamos). Este (o país onde estamos) é um país que vai em frente. Que país é este (o Brasil)?

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Moral da história: o governador leu a frase. Não enfiou a carapuça. Os mestres continuam de braços cruzados. Azar nosso!

“A minha poesia é natural e simples como a água bebida na concha da mão.” Mário Quintana

Abuso – Em português, existe uma palavra com três tremas. Sabe qual é? O Rômulo Marinho descobriu. É qüinqüelíngüe. Quer dizer cinco línguas. Pode ser um texto escrito em meia dezena de idiomas. Ou alguém que fala esse montão de línguas.

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Ter propriedades vocabular é… – Usar mais para palavras ou expressões que indicam quantidade. E maior para dar idéia de intensificação: Preciso de mais dinheiro. Xuxa não quer mais filhos. Para mais informações, telefone.

O comércio dá maior prazo para vendas a crédito. Governo quer maior participação dos cidadãos.

É lei – Gilson Maia escreve: “Hoje ou amanhã teremos uma mulher na Presidência da República. Estamos preparados para isso. Mas tenho uma dúvida. Ela será presidenta ou presidente?”

Usar o feminino não é favor. É obrigação. A Lei 2.749, de 1956, manda escrever no feminino os cargos públicos exercidos por mulheres: presidenta, senadora, ministra, soldada.

Presidente e chefe têm dois gêneros. Podem ser masculinos ou femininos. Mas chefa, ao contrário de presidenta, soameio jocoso. De qualquer forma, a escolha é sua: A presidente (ou presidenta) da Nicarágua visitou o Brasil. A chefe (ou chefa) da seção saiu mais cedo.

Grande e pequeno – A Ana Júlia está em via de arrancar os cabelos encaracolados. Culpado? O correio eletrônico. O endereço dela tem hífen. Quando ela o dita, a pergunta é inevitável:

– Hífen é o tracinho grande ou o pequeno?

Resposta: pequeno (-). É o sinalzinho que liga o pronome ao verbo (beijá-lo), forma palavras compostas (beija-flor) e evita que o prefixo tire uma casquinha da vizinha (neo-rico).

n n n Grandão rima com travessão. É o dobro do hífen (-). O senhor duplo joga em três times. Um: junta palavras.

Mas lhes mantém a independência (Ponte Rio – Niterói). Dois: dá destaque a termos meio murchos (JK – o construtor de Brasília – nasceu em Minas). Três: no diálogo, introduz a fala de alguém. Vale o exemplo de Manuel Bandeira:

Andorinha lá fora está dizendo:

– Passei o dia à toa, à toa.

Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!

Passei a vidaà toa, à toa…

Leitor pergunta
Cerca de 13 toneladas de alimentos foram arrecadados ou arrecadadas?
Waldemar Filmiano, Uberaba

A regra é velha como andar pra frente. O predicativo concorda com o sujeito. Qual é o sujeito? Cerca de 13 toneladas de alimentos.

Núcleo? Toneladas. Conclusão: lé com lé. Feminino com feminino: quase treze toneladas de alimentos foram arrecadadas.

n n n A reunião foi em Haia? Na Haia?
João Jacques de Andrade, Brasília

O xis da questão é o artigo. Nome de cidade detesta o pequenino. A gente diz: Belô é a capital dos barezinhos do Brasil. Natal tem belas praias.
Conclusão: A reunião foi em Haia.

Observação: três cidades são desobedientes. Todas masculinas: o Rio, o Cairo, o Recife (ou, simplesmente, Recife).

n n n Como se pronuncia a palavra subsistência?
Robson, lugar desconhecido
O s soa como se fosse ss. Subsistência joga no time de subsolo.

Dad Squarisi – dad@cbdata.com.br
Dica de Português é uma coluna semanal do Diário de Pernambuco – Pernambuco.com
Mensalmente você encontrará na atualização da seção Engenharia um novo texto.

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